segunda-feira, junho 21, 2004

Rock and roll nas pistas: diversão garantida!


A massa fervendo ao som de rock and roll no Atari Club
Foto by Fabio Kalunga


Houve uma época em que a música eletrônica no Brasil estava dando os seus primeiros passos rumo ao crescimento e o público que habitava este universo ainda era pequeno, variado, descompromissado e cabeça aberta. Quem fazia parte deste "meio" geralmente eram seres excluídos dos circuitos de boates-de-mauricinhos e, principalmente, do rock and roll tão mal fadado à época como sinônimo de brigas, preconceito e visões unilaterais. Pois bem. Os beats digitais ganharam forma, conteúdo, sub-divisões e cenas paralelas. Atualmente o gênero goza de uma posição sólida em termos de mercado (ainda que dispute uma fatia pequena e bem específica deste bolo) e conta com prestígio perante às maiores atrações internacionais, que sempre batem cartão por aqui (pelo menos em São Paulo). O que ninguém poderia prever é que o rock and roll daria a volta por cima, se renovaria, voltaria às pistas de dança e ainda por cima absorveria a música eletrônica em seu contexto. Mais imprevisível ainda é constatar que as baladas de música eletrônica estão cada vez mais segmentadas, unilaterais, muitas vezes saturadas e criando brigas e preconceitos entre suas tribos (odeio este termo!).

Para quem gosta de rock, já deve ter ouvido no passado desaforos de gente do punk ou do heavy metal, por exemplo, bradando uns contra os outros, chamando de traidores aqueles que ouvem também outro tipo de música. Pois é, isso ocorre com força na música eletrônica atualmente. Já parou para perguntar para um fã de techno o que ele acha do pessoal do trance? Surgem termos chulos aos montes, no mínimo. Já o pessoal do drum'n'bass das antigas não suporta os cybermanos que invadem seu espaço. Dentro da house music existem divisões entre aqueles que gostam de bombar ao som de tech-house (fusão de house com techno) e aqueles que preferem um som mais fino. Isso sem contar que o povo do trance parece não saber que existe outro tipo de música...Além de tudo isso, nota-se uma postura sisuda em geral entre os que produzem eventos, como que se tivessem que prestar contas a um código de comportamento digno de regimes totalitários - "traiu o movimento, tá queimado para sempre!". Já as festas rock estão esbanjando variedade e diversão tocando, acreditem, até (muita) música eletrônica! O elemento surpresa parece ter migrado para as pistas de rock, pois as baladas de música eletrônicas em geral parecem estar movidas a um beat contínuo e contra qualquer tipo de variação por conta de um tipo de público cada vez mais numeroso que se entope de drogas sintéticas e que parece estar ditando o ritmo de tudo, literalmente. São as voltas que o mundo dá!

Muitos dos detratores das "festas rock" gostam de dizer que os DJs destes eventos são na verdade "BS" - Botadores de Som, pois não mixam as músicas. De fato eu não vi até agora alguém do ramo se arriscando a sincronizar as batidas entre as faixas. Alguns "BS" não possuem noções básicas de set list e muito menos de equalização sonora para a pista de dança. Já ouvi sequências absurdas que íam de Smiths a Chemical Brothers, passando para Kiss e depois para Belle & Sebastian, além de silêncios horríveis entre as músicas e som distorcido no talo maltratando os ouvidos alheios sem dó - total falta de noção! Mas aos poucos a galera do rock and roll vai sacando que uma pista de dança deste gênero pode funcionar como um programa de rádio, onde os ritmos e suas passagens entre si obedecem uma sequência lógica e que nunca podem sobrar segundos de silêncio entre as músicas. Feito isso, a diversão é garantida! Você pode dançar a noite inteira sem enjoar do som ou se sentir obrigado a tomar algum alucinógeno químico para aguentar até de manhã. Isso sem contarmos que muitas baladas do tipo incluem pocket shows de bandas bacanas, que fazem intervenções de no máximo meia-hora, turbinando ainda o grau de satisfação do público presente (vide o post do Zémaria embaixo). Atualmente tem rolado uma tendência bem legal de colocar pessoas famosas, sejam elas do meio ou não, para discotecarem. Aí você acaba se surpreendendo ainda mais com os sets dos tais "BS".

Mas não estou aqui cuspindo no prato que sempre comi, pois ainda curto e vivo a música eletrônica pra cacete - assim como adoro rock and roll igualmente! Vejo uma tendência bastante forte de alguns DJs brasileiros que, a exemplo de alguns monstros sagrados como Laurent Garnier e Carl Cox, estão variando seus sets de seus respectivos segmentos com outros ritmos - rock and roll e electro inclusos! Aliás, a grande contribuição do hype do electroclash foi justamente trazer a desencanação, a esculhambação e o rock and roll de volta às pistas de dança. Acredito que os aspectos negativos à música eletrônica que citei são meramente sazonais, pois acontecem em todos os outros gêreros musicais - o rock and roll, por exemplo, precisou passar por uma "crise" para poder voltar por cima. No final das contas, o bom mesmo é poder curtir a música - qualquer que seja ela - sem paranóias e preconceitos. Dançar é e deverá ser sempre sinônimo de diversão!

sexta-feira, junho 18, 2004

Informe!

A saga continua!!!

Se não fosse a ajuda dos meus amigos Mr Lips e Bonna, eu não estaria conseguindo postar fotos por aqui. Mas agora as fotos do show do Atari Club aparecem, finalmente!!!! É só descer lá no post e conferir.

Vamos ver o que vai dar neste final de semana...

Amanhã tem algo!!

Valeu!

terça-feira, junho 15, 2004

Problemas!

Post editado.

Problema já sanado!

segunda-feira, junho 14, 2004

Zémaria - Atari Club (SP) - 12/06/04

Zémaria - Atari Club (SP) - 12/06/04


Fotos by Fabio Kalunga

O Zémaria fez bonito num dos redutos indies de São Paulo e pôs para dançar toda a galera que lotou o Atari Club neste sábado, 12 de junho. Num pocket show de pouco mais de meia-hora, a vibe passada pela performance da banda foi impressionante, principalmente pelo fato deles terem tocado no meio da galera, pois não há palco na casa. Na verdade eles tocaram num espaço da pista onde funcionava uma antiga sauna gay, com direito a azulejos e banquinhos para melhor acomodação. Antes de falar mais sobre o show, vale uma descrição do território onde eles se apresentaram.

O Atari Club é um dos points alternativos mais concorridos na cena indie paulistana. A casa, localizada no bairro nobre do Jardins, possui uma estrutura básica e eficiente, com preços relativamente acessíveis (R$ 3,00 por uma latinha de Kaiser é barato por aqui...), ar-condicionado ok, dois ambientes com sonorização razoável e caracteres de jogos antigos do Atari espalhados por todo o local - uma bem sacada idéia de decoração. O público é radicalmente indie, com os meninos de cabelos meticulosamente desarrumados (sim, indies posers aos montes!) e as meninas com visuais underground idem. Ao contrário do que se possa deduzir dos fãs de Pavement, Sonic Youth e afins, a massa dança pra cacete o repertório variado que ecoa das caixas de som. Os DJs - entre os que identifiquei, Bezzi e Kid Vinil - sabem construir sequências e as passagens entre as músicas, ao contrário da regra sem noção que ainda predomina entre os que tocam rock (no Matrix, por exemplo, rolavam aqueles segundos em silêncio sinistros entre as músicas, e a equalização era horrível). Deu para dançar Mutantes, Guns'N'Roses, Donna Summer (sério!), Strokes, White Stripes, Chemical Brothers, Beastie Boys, Beck, Peaches, rock and roll, electro, hip-hop, breakbeat, anos 70 e indie, tudo isso numa variedade saudável que atualmente não ecoa nas pistas de dança de música eletrônica - está muito mais divertido dançar nos clubes de rock, sacam? O curioso era quando rolava rock indie de fato, a bola baixava geral, dando a entender que aquele monte de som alternativo só deve ser tocado mesmo para fazer a moral entre os detratores-de-Lúcio Ribeiro. Vai entender...

Voltando ao Zémaria, é possível afirmar sem medo que eles arrasaram. Sem PA (o som saía de seus respectivos amplificadores) nem palco, o que se viu foi um banda crua vencendo em território aparentemente desfavorável com a energia de sua própria performance. A pista ficou entupida e difícil de respirar, e isso contou pontos a favor - eram público e banda em perfeita simbiose. O baticum pré-gravado ganhou groove e energia impressionantes nas baquetas de Nego Léo que, junto com as intervenções de guitarra de Alex, ajudaram a quebrar o gelo entre os que não curtiam música eletrônica. Algumas faixas novas foram apresentadas e revelaram uma variedade além do drum'n'bass tão comumente associado ao som deles - o batidão reto house/techno botou a massa para ferver! Durante a execução de "Alegria", "Jardim Camburi" e "Vermelha", uma grande parte da platéia cantou junto. O fato é que havia um número considerável de capixabas na área, muitos atualmente residindo em Sampa, e outros que vieram passar o feriado aqui (quem em sã consciência sairia da praia para São Paulo no feriado???). Mas a verdade é que a banda já é relativamente conhecida por aqui, e a melhor coisa que fizeram foi se mudarem para o centro das atenções em sua área de atuação, a exemplo do Dead Fish. Estão devidamente inseridos nos circuitos rock e eletrônicos, e a partir de agora é bem capaz de o público de Vitória não os verem tão cedo.
+Fotos: